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julho 21, 2010

O som do coração.

Sabe aquela música? Aquela certa música que causa-lhe ânsia, espanto, e ao mesmo tempo tesão ao escutá-la? Aquela música, aquela certa música em você ao escutar diz: "Meu Deus, como pode? Retrata exatamente o que sempre quis exprimir, proferir, bradar. Mas nunca consegui expressar". Sabe aquela música? Aquela certa música em que você ao escutar diz: "Meu Deus, juro que se eu não a conhecesse eu a compunharia". Pois é, essa mesma música, que você aí, este ser monótono, passivo, e incrédulo que encontra-se amarrotado, debruçado de pijama e meias furadas sobre o sofá degustando o mais frio dos cafés em plena madrugada confortado à solidão - é a mesma música a qual agrada-me, que proporciona-me a ânsia, espanto e tesão proferidos lá em cima por mim. É a mesma música que, ao ouvir sinto-me levitar, deixo-me levar, embalar ao som&fúria dos teclados, da gaita, dos acordes, da simphonia, dos gestos do maestro, do saxofone, e dos corações estraçalhados abandonados por destinos que encontram-se da mesma forma que você: sendo um ser monótono, passivo, e incrédulo que encontra-se amarrotado, debruçado de pijama e meias furadas sobre o sofá degustando o mais frio dos cafés em plena madrugada confortado à solidão.
A ânsia e fúria, o espanto e a esperança, o tesão e o som; eles se unem formando-se assim, nós: os seres monótonos, passivos, e incrédulos que encontram-se amarrotados, debruçados de pijama e meias furadas sobre o sofá degustando o mais frio dos cafés em plena madrugada confortados à solidão.


Goblinwand.

Re-recapitulando.

Nunca fiz nada de que não fosse senão em virtude de minhas vontades, nunca menti ou omiti para ser bem recebida, nunca proferi sequer uma palavra que por um instante não fizesse sentido para mim, e também jamais prometi até o final remar o barco lado-a-lado contigo; isso declarei desde o início.
Às vezes, na calada da noite saio às escondidas de minha mãe, e vago só pela cidade a fora. Qualquer garrafa de qualquer bebida alcoolica e cigarros roubados de qualquer desconhecido. E saio, caminho pelo mundo a fora. Andando, analisando, questionando, palpitando, debatendo, almejando, declarando, desabafando e por vezes até mesmo chorando - tudo isso sendo metade, sendo só e debruçada na solidão.
- "Será que eu devia ter feito mais por ti? Não sei, quem sabe talvez investido mais em nós e principalmente em mim - no meu querer, almejar, palpitar." Até hoje sinto-me confusa quanto a isso. Até hoje devo-lhe uma explicação, uma justificativa, um argumento plausível. Até hoje.
Não, eu não devia ter feito mais por ti nem tampouco por mim. Não merecíamos. Não ali, naquela situação, naquele momento, naquelas remadas marosas em que nosso barco seguia. Tenho ciência de que investira todas suas íscas em nossa pesca, quando na verdade, eu só queria estar ali, no meio do rio para alimentar os peixes. Sem pretesão alguma de pescar algo. Entende agora? Consegue absorver? Isso declarei desde o início só que de forma, digamos, que pudesse ser sub-entendida por ti, certo? Isso, desde o início.
Não arrependo-me de ter engatilhado em seu start inicial, foi bom. Mas não durou. Recapitulando - "Foi bom enquanto durou?" Não, Re-recapitulando: Foi bom, mas não durou e nesse pouco espaço de tempo nunca senti-me confortável em nossa relação. Hm, não ficou explícito, tentarei de novo. Quero ser clara. (...) Certo, ficou claro. É isso, e creio que agora possas entender o porquê do: "Eu não sei. Preciso de um tempo. Estou confusa. Quero espaço". É isso, e creio que agora poderei apresentar-me você "de pé, de queixo erguido", e realmente não adianta procurar-me em outros timbres ou outros risos, sempre estive a teu lado mas você nunca soube proporcionar-me o que sempre almejei encontrar em ti, ou nele, ou em quem quer que seja: confortabilidade. O que para mim em qualquer relação de afeto que seja, é imprescindível.


Goblinwand.

Acordando e levantando. E esquecendo-se também.

Acordei e só para variar, recusei a levantar-me. Permaneci ali, estirada àquela cama gigante de um hotel que eu nem me lembrava onde se situava, em um quarto em que eu jamais tivera visto anteriormente, ao lado do desconhecido mais lindo do mundo, e o mesmo encontrava-se nu, ali, ao meu lado, na mesma cama e respirando fundo enquanto dormia.
Levantei-me, pé direito - pé esquerdo, pisei no chão. Fui até o banheiro, tomei uma ducha rápida, lavei os cabelos, sentia-me limpa. Caminhei até o quarto novamente. Amnésia? Simplesmente não me recordava de nada. Nada, nada, nada. Boa noite cinderela, Bela Adormecida? Nada. "Só lembro com exatidão - o copo, o sal e o limão, e depois meu trapézio no ar". Bebida dos Deuses. Algumas muitas doses duplas de tequila no bar do Hotel, lá embaixo, no térreo. Vagas lembranças, e de minuto a munito, segundo a segundo - "O que faço aqui? Como vim parar neste lugar? Não me lembro dele, de nada. Nada." Embora, ele fosse o desconhecido mais bonito do mundo.
Beijei-o à testa, e desci. Desesperada, pelo fato de não recordar-me de nada mas mantendo a postura ereta e tratando a situação com naturalidade. Dei-me de topa com alguns conhecidos pelo elevador, pelas salas, e algumas também no rool de entrada.
Saí então do hotel. "Táxi! Táxi!". Adentrei ao veículo - " Zontesco, Avenue Limedicine, ed. Bloom, ap. 92". Lá fomos nós, aproximadamente duas horas e meia de viagem. Silêncio profundo declarado dentro do carro. Enquanto isso eu martelava in my head again - "WTF? O que eu fiz?". Nada, não me lembrava de nada, e sentia-me furiosa por tal situação. Chegamos então, desci, paguei-o pela corrida, abro a porta, preparo algo pra comer, enquanto isso outro banho, desta vez regado à vinho branco, um black, e interrogações. Saí do banho, sentindo-me novamente mais limpa, mas o acre sabor na boca ainda incomodava-me. Degustei. Comi. Devorei. Então entopi-me de entorpecentes dados pela vizinha neurótica, e desmaei ali mesmo, no tapete da sala. Acordei então só no outro dia. Com uma expressão mais jovial, um ar sereno, uma graça dada. Apaguei o que atormentava-me. Não me recordava de nada. Desta vez nem mesmo da noite passada ou da corrida de táxi, ou das interrogações ou da refeição feita ao chegar em casa. Nada.
E como delatei isso aqui? Talvez tenha sido o "eu" do desconhecido mais bonito do mundo que tivera alojado momentaneamente em meu subconsciente.


Goblinwand.