Total de visualizações de página

abril 23, 2015

O esforço pra lembrar, é a vontade de esquecer.

Acolhamos então, a poupa, o interior do sentimento tão dotado de pureza e limpidez que juntos vivenciamos. Não sejamos hipócritas ao ponto de quando questionados formos a respeito do porquê de nosso rompimento, jamais respondamos que por ventura, “não deu certo”. Por favor, não sejamos hipócritas! Obviamente deu certo. Durante todo o tempo, lado-a-lado, caminhando junta e unicamente para modo de nutrirmos toda essa beleza que foi – aliás, não hey de usar suposições pretéritas, pois ainda é – o nosso amor. Deu certo, ora! Fora deveras tudo muito belo, unívoco e singular.

Eu pude certamente entregar-me a tudo que tinhas a oferecer-me, e sem receio algum, o fiz – doei-me completamente a você. Experimentei sensações, provei de prazeres que cogitava inexistentes; eu pude sentir todas vibrações, tremores, terremotos e palpitações. Bem, literalmente estremeci-me a teu lado, a todo instante que juntos permanecemos.

Oh! Doamo-nos um ao outro de uma forma surpreendente, explosiva, conjunta e complacente. E hoje, para mim, (...) bem, não deves ter sequer a noção do quão difícil é para mim encará-lo frente-a-frente e burlar, através de meios capiciosos maneiras de manter-me rígida diante de ti. Mostrar-me displicente a tudo que passamos e tentar agir com a maior naturalidade já vista. Não tens idéia. Dói-me nas veias.

Como? Explica-me! Como posso eu, olhar para alguém que tanto amei, tanto almejei e de forma ultrapassada e extrema quis junto a mim, simplesmente virar e indiferentemente vir a soltar um “olá, tudo bem?” – patético! Incrivelmente patético, deplorável.

 
Goblinwand.

O retorno.


Pois então, passados mais de dois anos em total abandono com o antes-das-seis, decidi de súbito: retornarei! Com o apoio e instigação de uma grande amiga, Jey, cá estou eu, de volta aos escritos - já que o mesmo é a forma mais exata e libertadora de eu me exprimir. O seguinte texto fora escrito há muito tempo atrás, há anos, para ser mais exata. No entanto, não havia o exposto a ninguém.



23/03, como vão as coisas de mês em mês?

"Depois de meses distanciados, sem manter qualquer tipo de contato que seja, cá estou eu, na porta da casa do sujeito, às exatas 02:23 a.m, cai uma chuva ensurdecedora; não sei se contenho meus tremores, desembaço o vidro do automóvel ou controlo a respiração ofegante - estimulada pela tensão das circunstâncias.

Não sei o que faço, pareço uma estúpida no interior desse carro, pensando no que fazer, como agir e em mil hipóteses e cogitações do que falar. Ir ou não? Meu Deus, eu vou embora! Caso eu adentre em sua casa, o inferno vai retornar-se ao seu estado de euforia novamente, e o vulcão que até então aparentemente adormecido se encontrava, vai entrar em erupção e deveras não sei se suportarei este piteco no coração; já abalroado por tantas vezes.

Eu entro? Eu permaneço aqui? Eu vou embora? Eu subo com o pretexto de que fui entregar-lhe alguns pertences seus que ainda permaneciam comigo ou aumento "How I Wish You Were Here" que toca na estação e deságuo em pratos? Sufoca-me! Meu Deus, eu vou subir! Vou tocar a campainha de seu apartamento, sei que ele há de atender da mesma forma com a qual sempre recepcionava-me e da maneira como nos despedimos: Trajando aquela cueca baixa, com listras coloridas e etiqueta dobrada. A cara, amarrotada de algum porre da noite passada, acompanhada por um hálito indubitavelmente alcoolizado e entorpecente, e para acabar de abarrotar-me de uma vez, teu cheiro [...] O teu cheiro, que inda permanece impregnado em minhas entranhas. 

Chega de divagar! Basta! Ou adentro, arrebento e sustento toda a situação ou morro de desejo e dou-me por fracassada e arranco com o carro e parto para algum lugar! [...] Respire, expire, respire. 

Saio do carro, a chuva forte, estou ensopada; ainda possuo as chaves da porta da frente, e assim como elas eu também o desejo da mesma forma: Para todo sempre. Adentro, subo as escadas, os degraus mais dolorosos da minha vida. A cada escalada, sinto como se uma adaga perfurasse minh'alma. Silenciosamente vou despindo-me pouco-a-pouco, calmamente. Faz frio, estou trêmula, gélida e completamente encharcada. Nesse vai-e-vem, fica, volta e "de-mais-nada-sei", o relógio, que encontra-se embaçado e já quase parando, o pino já andando desacelerado... marca então, 03:32 a.m.

Pronto, cá estou eu, defronte à porta da sua casa, da nossa vida, e que, um dia também chamamos de nosso lar. Então eu toco a campainha, finalmente. Com toda a intrepidez que há em meu ser, eu dependuro meu dedo naquele botão. Você não atende. Ótimo! Ao menos não ficarei plantada à sua frente sem sequer um argumento plausível a dar-lhe por qual motivo, então, ali me encontrava. Não quero ter que encará-lo, não suportaria.

Desço um, dois, quatro degraus. Suspiro e dou mais um passo abaixo. Lentamente a porta se abre. É você, Você, bem ali. O vejo de relance, já que me encontro de costas. Tu respiras fundo, quase que sinto teu ser junto ao meu. Você então, com a voz entonada que possuis, dirige-me à palavra: "Mulher...?!"; estremeço-me e respondo-lhe: "É... bem, eu... Na verdade não era... Bem [...]." Nada sai, não consigo dizer sequer um nada. Como já era de se esperar.

E você, com seu ar despretensioso, sorri totalmente desarmado e indefeso e me diz: "Eu esperei. Eu sempre te esperei, mulher! E veja só, aqui se encontra você, bem à minha frente, mesmo depois de tantos anos consigo sentir que tu ainda sentes".


Goblinwand.