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maio 03, 2015

Pedra, Flor e Espinho.

Por que? Por que sempre há de haver porquês? Por que de tanto por que? Eu não sei. E não pretendo descobrir, pois junto de mim agora, o lema é apenas o sentir. Toda a sustentação que as circunstâncias da vida me levaram a chegar onde hoje me encontro, foi uma luta árdua para a retirada do peso que por um bom tempo eu carregava sobre os ombros. 

Não há como se dar receita ao outro a respeito de formas de superação, ou sobre como instruir-se a dar o primeiro passo e aprender a caminhar novamente, ou como simplesmente retirar os escombros dos ombros, reerguer-se e desatar o laço do passado que ainda tem permanecido presente. Isso é tarefa personalíssima, intransferível e de caráter pessoal. No entanto, as circunstâncias ao nosso redor por vezes se mostram tão desastrosas e doloridas, que a ânsia que possuímos por nos debruçarmos ao lamento e remoer todo o pavor da dor acaba sobressaindo-se em relação à facilidade, que de fato é, olhar ao redor e aprender, realmente, a usar o olho calmo.

Eu estava no poço. No fundo dele. E lá me mantive por dias, meses - meses de lamento e pura dor. Todavia, surrada e abatida pelos tombos diários a cada amanhecer, ao impor a mim mesma uma faxina sentimental e reagrupamento de prioridades pude olhar para mim mesma, e constatar que a cura para toda lástima sentimental se encontrava bem aqui, no amor por mim mesma que eu havia esquecido de nutrir devido ao vício em alimentar o outro.


Goblinwand.

Eclipse oculto.

Quando estirada ao chão eu me encontrava, por diversas e consecutivas vezes, apreciando o luar ou o nascer do sol, ao som de Cazuza cantarolando: "viagens tão óbvias, loucuras tão sóbrias, de um iniciante" e ao fundo aquele blues, eu me permitia transportar para o outro lado, um mundo onde não havia pecado, erros, casos fortuitos ou lamentos; eu apenas me deleitava aos prazeres que minha mente conseguia fragmentar em, de fato, loucuras sóbrias.

Foram noites e noites em claro, alimentando em meu ser uma vontade enorme de transportar-me a lugares inabitáveis de minha mente e à entregas tão súbitas que não me dariam margem de espaço para auto questionamento e infinitas indagações de porquês, pois, apenas daria o salto e vivenciaria o instante. E foi então naquela noite de total entrega da alma e do corpo, que pude sentir meu corpo trêmulo no chão e tua boca extraordinariamente quente e tão selvagem me devorando.

Se os cômodos daquela casa dissessem algo, ao delatarem o que presenciaram em algumas horas daquele dia, certamente diriam jamais terem visto desbunde e volúpia tão ardente. Teus olhos que inebriavam, teu toque que acariciava, as marcas pelo corpo deixadas e um sentimento tão grandioso e repleto de leveza, misturado a um toque abundantemente desembaraçado.


Goblinwand.