O passado ainda permanece aqui.

Eu me lembro de todas nossas conversas, quando ficávamos entendidos sob uma rede na varanda. Nossos casos e acasos, tua doce risada, minha inconstância serena, e eu sinto tanta falta disso tudo, e você nem pode imaginar o quanto. Você tentou encontrar-se em seu meio, e acabou caindo em território estranho.

 De tanto tentar achar-se em outras vidas mais, perdido você ficou; e olha que tentei resgatar-te, e você se negou à minha ajuda, se negou ao meu apoio, se negou aos meus conselhos, se negou ao meu amor. Passou, passou, passou. Tudo passou e é como se tudo aquilo estivesse voltando novamente. É como uma onda do mar - ela vai e vem - ela vem e vai. E tens de partir é tão triste e tão calmo, que nem mais estraçalhada por dentro fico, pois acho até que acostumei-me a ter suas visitas repentinas só quando for de tua vontade, e nem mais exigências eu faço para não perder-te novamente por inteiro.

 Não acho que as coisas devesem ser assim - só quando VOCÊ quiser, VOCÊ preferir, VOCÊ determinar. Eu queria um estado de espírito permanente - bem ou mal, pois já não suporto mais isso, essa minha instabilidade. Você vem e tudo se alegra, vejo você partir, e em desespero e dor profunda permaceço. Ora, não sou como um músculo involuntário que tende a relaxar e contrair meu querido.

Quero uma estabilidade, uma concretização, uma certza de que quando eu acordar eu o terei deitado ao meu lado na cama, que acordaremos juntos e caminharemos durante manhã pelo bosque ao som dos pássaros, e que você fará juras de amor sussurando aos meus ouvidos, ou também que você nunca mais voltará, não me escreverá, não me verá, e que nem notícias suas eu terei mais, e além de tudo isso: Não me amará! Na verdade, acho que dou muito importância a tudo e a todos que não merecem minha atenção. E sempre acabo exigindo o mesmo que ofereço, e quando não recebo a mesma dosagem, acho que por algum motivo eu esteja sendo descartada; e talvez eu não devesse tentar interpretar e compreender o que sinto, e sim saber dosar a quantidade certa de afeto, que devo oferecer.

Goblinwand.