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abril 06, 2012

Sorrindo com lágrimas nos olhos, em permanente estado de desequilíbrio.

Cá encontro-me eu, mais uma vez, como há tempos não fazia: deliciando-me com a tarde de sol a pino; enamorando o pôr-do-sol reluzente, e escrevendo a mim mesma.

Tudo é tão simples, apalpável e tocante; e emociono-me profundamente com a total delicadeza e doçura de tudo a minha volta. Passo as mãos entre o pêlo empoeirado do cachorro de rua que está a me rondar, as crianças perceptivas, ágeis e dóceis que brincam no balanço, o senhor lanando a bola ao seu animal na cúpula e os casais de namorados com suas juras secretas e nem sempre fiéis fitando atentamente um ao outro.

O ambiente é fresco, confortável e acalentador. E em minha solidão calorosa sinto-me plena de afago. Estranho, não? A solidão ser meu porto seguro, meu estado de plenitude e alento; desde sempre.
Aí então, vai dando esse horário, esse maldito horário entre o término do dia e o assombroso início da noite, onde o clima esfria, o sol de põe, e a solidão vem abraçar-me; e então recordo-me das tardes de domingo em que nos esbarrávamos sempre por querer e nos fitávamos em silêncio, lado-a-ldo inflando nosso sentimento terno.
Esse horário, o horário mórbido, preenchido de pusilaminidade e desfalecimento, o horário das 18:23p.m, onde capciosamente vou burlando meus espasmos e ânsias e quereres; e transformando-os em estaticidade, estado morno, esquivo e dotado de fugas esplêndidas, porque somente assim consigo por vezes não manter-me com o pensamento tão fixado em ti.

Aí então levanto-me, ergo a cabeça, ombros alinhados e lentamente tomo meu caminho para casa, à procura de descanso e entorpecentes para boas horas de refúgios inabaláveis em meu sono profundo.

No entanto, não é o que me ocorre. Pois mesmo em estado de transe pela ingestão das drogas que vem acompanhadas com bula, eu não consigo sequer pregar o olho e eu já não suporto mais respirar-te vinte e três horas ao dia. Tem consumido-me profundamente e feito com que o meu coração, o âmago de meu coração supite, transborde em sensações, devaneios e estágios de neurose (os quais tem afetado profundamente meu psíquico).

Então eu morro, me desfaleço por durante uma hora para não levar-me até você, e assim, minutos após [...] levanto-me e sigo minha vida medíocre e patética de amar-te amar-te de forma extrema pelo resto do dia. Restos [...], restos foi o que sobrou de mim. Somente o pó, os resquícios, o filtro da memória congestionada, as raspas que alimentam-me e me mantém viva, camuflando o ato de eu não sucumbir em existência.


Goblinwand.

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