Só de pensar já me vem uma angústia imensa, uma ânsia desvaiarada e uma vontade tremenda de debruçar-me sobre o travesseiro e chorar até todo estoque de lágrimas se esgotar. Isso é tão nojento que chega a causar-me náuseas. De verdade. Pois nunca imaginei-me diante de uma relação assim, que conseguisse me consumir por inteiro, me destroçar e deixar-me sem fala como encontro-me agora.
Tudo bem que sempre optei pelas palpitações, extremos e nunca privei-me de sentir lentamente cada dor prazerosa que os encontros e desencontros proporcionava-me, mas agora é diferente. Quanto mais desprezada sou, mais dependente de ti me torno. Cruel, não? Não, é estúpido! É muito cobrar o mínimo de atenção, um pouco de compreensão e pedir a você que demonstre gratidão? É muito isso? Não vejo meios por onde recorrer pra livrar-me disso. Porque é isso que nossa relação tornou-se: um isso, aquilo, daquele mas nunca este - o tocável, apalpável e seguro. Onde sei que posso pisar e sentir-me confortável.
Só sei que preciso de tempo, preciso estar só - por dias, meses, anos e quem sabe até mesmo décadas. Preciso encontrar-me e deixar de ser este animal sentimental que se apega a tudo que é de meu agrado. Ninguém dá importância a isso, querem apenas existirem e deixar o viver de lado. E eu, espero que eu não me torne mais um ser cinza, mórbido, intocável e desprezível como tantos que tropeço por essa vida; se for pra ser desta forma, apenas existir - prefiro pouco-a-pouco esvair.
Goblinwand.
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